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A natureza e a arquitetura de São Conrado
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Publicado em 27/01/2020
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Autoestrada Lagoa-Barra (Rodrigo_Soldon/ Flickr)
Autoestrada Lagoa-Barra (Rodrigo_Soldon/ Flickr)

A maioria dos bairros do Rio de Janeiro que surgiram com o Brasil Colônia passou por muitas transformações, sendo completamente descaracterizada em termos de arquitetura. O bairro de São Conrado, no entanto, não passou por esse processo de demolição gradual e reconstrução. As intervenções humanas e as mudanças que o local tem sofrido são recentes, do início do século XX.

A primeira ocupação da região ocorreu nos tempos coloniais. O bairro, que é cercado pelas florestas do Parque Nacional da Tijuca, pelo Morro do Cochrane, pelo Morro Dois Irmãos, pela Pedra da Gávea, pela Pedra Bonita e pela Agulhinha da Gávea, pertencia à Fazenda São José da Lagoinha da Gávea, cujo dono era Salvador Correia de Sá e Benavides, um dos governadores da cidade do Rio de Janeiro. A fazenda tinha uma grande extensão, indo da Gávea até Jacarepaguá e Tijuca.

No século XIX, as terras dos herdeiros de Benevides começaram a ser desmembradas. Antonio Ferreira Viana, Conselheiro Imperial de D. Pedro II e Ministro da Justiça do Segundo Reinado, adquiriu grande parte e transformou sua casa em local de repouso e veraneio. Até o final do século referido, o acesso a São Conrado era feito principalmente pelo mar. Por terra, o acesso se dava pelo caminho conhecido atualmente como Estrada da Gávea, que só recebeu esse nome em 1917, após ser ligada à Rua Marquês de São Vicente.

No início do século XX, em 1916, o Comendador Conrado Jacob Niemeyer ergueu na região a Igreja de São Conrado – do qual era devoto –, dando origem ao nome do bairro. Em 2009, essa igreja foi tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade do Rio de Janeiro. O Comendador também melhorou as condições da Estrada da Gávea, conhecida como “Trampolim do Diabo” por causa de suas curvas sinuosas. Lá, foram realizadas, nos anos de 1930 a 1950, corridas automobilísticas do Circuito da Gávea, um percurso que tinha início na Rua Marquês de São Vicente, passava pela Niemeyer e acabava na Estrada da Gávea.

Vias de um bairro de passagem

Vista da Avenida Niemeyer na década de 1920 (Foto: Arquivo Nacional)

A Avenida Niemeyer é uma das mais importantes vias da Zona Sul e liga o bairro do Leblon a São Conrado. Começou a ser construída em 1912, pelo professor Charles Armstrong, com o intuito de facilitar o acesso à escola onde ele lecionava – situada na Chácara do Vidigal –, aproveitando o trajeto de uma antiga ferrovia abandonada. A continuação da estrada até a Praia da Gávea, hoje Praia de São Conrado, foi feita em 1915 pelo Comendador Conrado Niemeyer, passando a se chamar Avenida Niemeyer. A via foi doada à Prefeitura em 1916 e inaugurada oficialmente em 1918. Em 1919, foi alargada e prolongada pelo Prefeito Paulo de Frontin.

A inauguração do Túnel Dois Irmãos (em 1971) – atual Zuzu Angel –, que liga a Gávea a São Conrado, e da Autoestrada Lagoa-Barra (em 1981) foram outros dois fatores que levaram à ocupação do bairro. A construção dessas vias proporcionou um acesso mais rápido a São Conrado e o transformou em um bairro de passagem.

Movimento de ocupação e atrações do bairro

Em 1921, quando a Niemeyer era a única via de acesso ao bairro, integrantes da Cia Tramway – pertencente à Light – criaram o Gávea Golf & Country Club.
O primeiro loteamento no bairro surgiu em 1930 e deu origem à Rua Capuri. Em 1932, a sede de uma fazenda construída em 1750 foi adquirida por um comendador italiano chamado Osvaldo Riso. Em 1980, sua filha, Cesarina Riso, passou a usar a casa como centro de cultura e eventos, dando o nome de Villa Riso. O local funciona até hoje, com a mesma designação.

Praia de São Conrado (Foto: Alexandre Macieira/ Riotur)

Entre 1940 e 1950, o Largo de São Conrado já era bastante frequentado. Ali, em meados dos anos de 1960, instalou-se o famoso Bar Bem no local onde atualmente funciona o Boteco São Conrado.

Novos loteamentos foram surgindo, como o Jardim Gávea. Em 1949, foi inaugurada a Estrada das Canoas, onde, dois anos depois, Oscar Niemeyer projetaria a Casa das Canoas como sua residência. O local é tombado como patrimônio histórico e cultural da cidade.

Em 1985, foi inaugurado o condomínio de luxo Praia Guinle – que já teve como moradores Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Anysio, Beth Carvalho, entre outros.

Em 1982, foi fundado o Shopping São Conrado Fashion Mall, focado em artigos de luxo, refletindo a classe média alta que habitava o bairro, em contraste aos moradores da favela da Rocinha, que crescia de forma acelerada. No início da década de 1990, a Rocinha foi desmembrada de São Conrado e da Gávea, para formar o bairro e a Região Administrativa da Rocinha.

Na Pedra Bonita, também nos anos 1990, o Club de Vôo Livre foi criado por Maurício Klabin, que dá nome à rampa utilizada como decolagem dos pilotos de asa-delta e parapente.

Hotel Nacional

Inaugurado em 1968, o Hotel Nacional foi o único hotel projetado por Oscar Niemeyer e contou com paisagismo de Burle Max. Preocupado em preservar a natureza e aproveitar a paisagem do local, Niemeyer construiu uma torre de vidro cilíndrica com 45 andares. O hotel foi tombado como Patrimônio da Humanidade em 1998.

Rocinha e, ao fundo, São Conrado (Foto: Alicia Nijdam/ Flickr)

Segundo depoimento do próprio Oscar Niemeyer, publicado no site da fundação que leva seu nome, esse foi o primeiro hotel no país projetado junto à praia a ter boate, restaurante e outros serviços. Na década de 1970, a alta sociedade carioca frequentava o local, que, de 1972 até 1995, recebeu celebridades e sediou festivais conceituados, como o Free Jazz Festival – o que deu cada vez mais notoriedade ao bairro.

Com a falência da empresa que administrava o hotel, o mesmo ficou sob custódia do governo federal até 2009 e foi reaberto apenas em 2016, após ser comprado em um leilão. Desde então, com o conceito de resort urbano, o hotel não apenas atende hóspedes viajantes, mas também é frequentado por moradores da cidade.

*Rosana Freitas, estagiária, com supervisão de Fernanda Fernandes.

Fontes:
http://www.niemeyer.org.br/obra/pro143
http://apps.data.rio/armazenzinho/historia-dos-bairros/
https://apps.data.rio/bairros-cariocas/MapJournal/mostra_texto.php?bairro=31

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