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Paciência: de moderna fazenda a bairro industrial
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Publicado em 02/01/2019
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A estação de trem e a Avenida Cesário de Melo. Imagem de satélite
A estação de trem e a Avenida Cesário de Melo. Imagem de satélite

Paciência fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro e faz divisa com Santa Cruz, Cosmos, Campo Grande e o município de Nova Iguaçu. Sua urbanização foi iniciada em meados do século XX, favorecida pela abertura da Avenida Brasil, que deslocou para o seu entorno a maioria das fábricas da cidade – até então concentradas na região central. Esse movimento acelerou o crescimento populacional em direção às novas áreas fabris, inclusive o Distrito Industrial de Palmares, implantado no bairro.

Em meio a esse processo, surgiram os primeiros grandes loteamentos de Paciência: além do Jardim Palmares, o Jardim Sete de Abril, o Jardim Vitória e a Vila Geni. O centro comercial cresceu em torno do Rio Cação Vermelho, um dos mais extensos da cidade. Hoje o bairro conta com cerca de 15 comunidades e uma população de quase 95 mil habitantes, segundo o censo de 2010.

Paciência conta com uma boa oferta de equipamentos municipais de educação: oito creches, oito Espaços de Educação Infantil (EDIs), três Cieps e 16 escolas de Ensino Fundamental. Contudo, possui, junto com os demais bairros da XIX Região Administrativa, Santa Cruz e Sepetiba, um dos mais baixos índices de progresso social da cidade, conforme dados do Instituto Pereira Passos.

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Os bate-bolas e suas luxuosas fantasias de clóvis: uma forte expressão do carnaval de Paciência. Vídeocaptura

Além da Avenida Brasil, o bairro também é cortado pela Avenida Cesário de Melo, uma movimentada via que liga Santa Cruz a Campo Grande. O Viaduto de Paciência cruza a linha férrea e interliga as partes norte e sul do bairro.

História

Antes do movimento de urbanização, Paciência integrava a zona rural da cidade, que tinha em Campo Grande o seu grande epicentro. O escoamento da produção agrícola foi facilitado pela inauguração, em 1897, da estação de trem local. Além do plantio de hortifutigranjeiros, que abasteciam a população carioca, a produção de laranja para exportação era o grande carro-chefe da economia da região, na primeira metade do século XX.

Da substituição de antigas lavouras por laranjais não escaparam nem as terras da antiga Fazenda da Mata da Paciência, uma das mais prósperas e glamourosas propriedades rurais da província do Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX: “Na década de 1920, tornou-se um grande laranjal nas mãos de Oscar Pareto, um importante engenheiro civil”, diz o professor de História Sinvaldo do Nascimento Souza, que morou, estudou e trabalhou na região.

Parada real

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Fazenda Real de Santa Cruz. Revista da Semana 22/04/1933, BN Digital

A atual região de Paciência era cortada pela Estrada Real de Santa Cruz, que cruzava os sertões do Rio de Janeiro em direção à Fazenda dos Jesuítas. Com a expulsão dos religiosos das colônias portuguesas em 1759, a propriedade foi transferida à Coroa portuguesa. Desde a vinda da família real, tornou-se um dos lugares prediletos do príncipe D. Pedro, que chegava a prolongar sua estada no local por vários meses.

O longo trajeto entre São Cristóvão e Santa Cruz, feito a cavalo ou em carruagens, exigia algumas paradas para descansar os animais, ou trocá-los. A última delas era onde, hoje, fica o bairro de Paciência.

Anos de ouro

Durante praticamente os três primeiros séculos de colonização, as zonas Norte e Oeste eram tomadas por fazendas de cana de açúcar, com engenhos que produziam, principalmente, aguardente. Quando o plantio de café chegou ao Rio, no último quarto do século XVIII, não demorou muito para uma fazenda se destacar na produção do grão: a da Mata de Paciência, de João Francisco da Silva e Souza, um rico comerciante português.

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A inglesa Maria Graham. Sir Thomas Lawrence, 1819, National Portrait Gallery, Londres, domínio público

A propriedade ganhou notoriedade ao ser descrita pela inglesa Maria Graham, preceptora, por um curto período, da filha mais velha de D. Pedro I, Maria da Glória. Em seu diário de 25 de agosto de 1823, registrou “a elegante e agradável hospitalidade de Mariana Eugênia” (viúva de João Francisco, que tocava a fazenda desde 1815), as plantações de café e os cerca de 200 escravos que viviam em pequenas casas (e não em senzala) e  folgavam todos os domingos. Também não poupou elogios à modernidade do engenho de açúcar, movido por potente máquina a vapor: “Uma das primeiras, senão a primeira instalada no Brasil”, escreveu a inglesa.

Após a morte de Mariana Eugênia, nenhuma de suas duas filhas se interessou pela fazenda. A propriedade – que, segundo alguns historiadores, deu nome ao bairro – foi vendida e revendida, até ser transformada em laranjal, e loteada, posteriormente.

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